Campanha contra chefe de governo da Malásia antecipa "golpe de Estado"
"Está em curso um plano para apunhalar o governo pelas costas", uma espécie de "golpe de Estado" cujo objetivo é afastar o primeiro-ministro Najib Razak, declarava em meados de agosto uma das principais figuras do governo, Ahmad Zahid Hamidi, ministro do Interior e vice-presidente da UMNO, partido no poder na Malásia. "Sinto-o no ar", disse Zahid, que falava numa reunião à porta fechada do partido.
Como prova da organização do "golpe de Estado", Zahid explicou que vários deputados da UMNO e dos partidos da oposição estariam a ser contactados para apresentarem uma moção de censura ao governo e exigirem a demissão de Najib.Em causa estão as acusações de corrupção de que é alvo Najib, de 62 anos e primeiro-ministro desde 2009 , nomeadamente o facto de ter desviado para a sua conta pessoal o equivalente a 700 milhões de dólares (630 milhões de euros) de um fundo de investimento soberano, o 1Malaysia Development Berhard (1MDB). O fundo foi criado há cerca de seis anos por Najib, que é também o seu presidente.
O 1MDB acumula um défice de nove mil milhões de euros (oito mil milhões de euros) e o Banco Central da Malásia completou na passada semana uma investigação ao 1MDB e das suas recomendações destaca-se a dirigida à Procuradoria-Geral a pedir "atuação urgente" na matéria. A oposição aproveitou as notícias do escândalo para desencadear uma campanha contra o primeiro-ministro e a UMNO, formação hegemónica na política malaia desde a independência em 1957.